quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A MAJESTADE DA MINHA POESIA

Da Majestosa Poesia!
 



O COMENTÁRIO:
Sempre que posso, tenho dito que a poesia se alimenta dos poetas, não estes da poesia! Mas há uma certa tendência dos poetas sonharem, ainda que ocultamente ou inconscientente, um dia poderem virar o jogo e fazer sua da sua própria poesia o seu sustento. E não falo aqui do tal de "alimento espiritual" não, sim do rol de contas que acompanha todo vivente de nosso dias (mercado, água, luz, telefone, impostos, etc.)!
A poesia por si é um elemento da vida, que independe dos poetas para existir. Mas, sem os poetas para aprisioná-las nas palavras, a poesia iria  existir somente por alguns intantes na cabeça daquele que a experimentaram. Por isto os poetas são necessários, para tentarem fazer esta ocorrência de poesia na vida permanecer entre nós um pouco mais.
Há uma petulância gostosa nestes irônicos versos da poeta baiana Júlia Xavier, quando ela  exalta a sua própria poesia, que traduz um profundo amor e dedicação do poeta para com a sua arte! Quando ela declara a poesia como soberana e a aceita imperiosa e (antagonicamente serviçal!) cantando unicamente a pena de amor de seu ser! Pois entendo aqui que a autora tenta proteger com a monarquia o direito anárquico (e por que não sagrado?) que o poeta tem de cantar seus próprios sentimentos ou de cantar para si mesmo os prazeres e as dores de seu amor, ou o que quer que seja! Não deixo de ouvir aqui um grito de guerra da poeta tentando proteger a sua inventada "Pasárgada", país  é onde ela pode executar com alento a sua poesia! Fez bonito e com poesia, esta Júlia!
                                      Por Altair de Oliveira.

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O POEMA:

A MAJESTADE DA MINHA POESIA

Façam todos reverência
A minha poesia dorme, esplêndida
Em cama de rainha
As flores que ornamentam os lados
São jarros de porcelana, de desenhos delicados
Tenham cuidado, falem baixo
Um ruído desajeitado, soa mais alto
Que os vossos pecados
E aqueles que me quiserem ler
Aviso:
A minha poesia não vive de promessas
Respira, sob a tutela de uma monarquia
Só ao rei endereça
E as leis impostas em versos
Dizem a pena do amor,
Que o meu ser professa!!!



Poema de:  Júlia Xavier.
Foto: Bailarinas em reverência na dança, de Marcelo Verdial.