sábado, 17 de abril de 2010

Naufragânsia

O Comentário:

Usado aqui a chamada "falsa-sprezzatura" para tentar traduzir, de uma forma singela, um sentimento de mundo calcado no vir-a-ser. Nadar é o verbo primordial daquele que, vindo do nada, quer ser. Por isso, esta ânsia de buscar saídas, ter um destino ou alcançar um lugar onde possa configurar-se e estabelecer seu mínimo reinado.
O poema é portanto um lance de descrever esta agonia de náufrago do ser que busca e que nada e nada... e nada!



O Poema:


NAUFRAGÂNSIA


Sofre de falta de espaço

Vive buscando um lugar

E nada contra correntes

Tentando não se afogar.


Enxerga certos receios

Que mata, mas ressuscitam...

Tenta por todos os meios

Chegar nalguma saída!


Rumina restos de sonhos

Guardados para mostrar

Se é que há porto onde ir

E, de fato, um dia chegar...



Altair de Oliveira, In: O Lento Alento.



Ilustração: trabalho de Larissa Marques, artista plástica e poeta goiana.

3 comentários:

  1. Lindo! Adorei, parabéns, que continue assim, divulgando o sublime, que é nada mais que o amor, falado em versos.
    Gostei de te ler.
    beijos.

    ResponderExcluir
  2. Emocionante ler um poema e se ver estampada nele!Obrigada por me proporcionar isso, entender como me sinto exatamente.
    Beijos no coração, poeta lindo
    Krmem

    ResponderExcluir