sábado, 15 de maio de 2010


O Comentário:

"Tantas ocasiões em minhas horas tristes, fico a indagar os propósitos de Deus.E o porque da nossa busca pela iluminação. O porque da sabedoria em meio a sofrimentos e dores. Penso, mas nunca chegarei a entender:-será que Deus nos manipula? Ou nós que não alcançamos o entendimento para nossas experiências e perdas? O que sei, é que apesar de tudo há em cada um de nós uma luz de esperança; edificada a cada novo dia que vivemos."

Dalva Contar


O Poema:


FANTOCHE

Deus se escondeu
numa labareda
em cujo fogo me espreita.
manipulando linhas
onde pendem meus braços cansados
e meu coração naufragado.
Sofro vidas que não são minhas
como membros amputados

que insistem nas formas e na dor...


Mas, eu vi

pelas águas embaçadas,

no espelho

um anjo que me fitava.

E sorria.

E um clarão de luz

a me cegar
as mágoas...

Poema de: Dalva Contar.



Ilustração II: "O Homem de Asas", trabalho da artista plástica Cláudia Santana.

2 comentários:

  1. Há aqui uma certa religiosidade da poeta quando teve esta bela sacada de perceber o Deus por trás das labaredas de fogo manipulando as cordinhas...
    Me pergunto se não seria Deus quem, numa puxada de cordinha, permitiu que a cabeça se posicionasse de uma forma narcisista e permitisse que no espelho das águas o anjo salvador pudesse ser visto...? Que artimanhas são estas que Deus usa para que acordemos nós mesmos? Ou não seríamos nós mesmos, os chamados pó-de-estrelas, que querendo ser também um pouco Deus para enfrentar as adversidades, desejamos inconsientemente ter asas para retornar mais rápido a Ele?

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  2. muito belo sim.
    e a imagem de Altair tbm foi certeira!

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